1 HORA DE BATE-PAPO ENTRE TITÃS
Eduardo Vetillo e Wilde Portela
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intermediado por Bira Dantas
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via Facebook.
Caro leitor, você imagina o que acontece quando duas lendas vivas da HQ brasileira se encontram na internet? Vetillo e Wilde, parceiros de Chet, um dos ícones dos Quadrinhos de Farwest no Brasil, não se falavam há 20 anos. Este digitador que lhes fala presenciou uma verdadeira epopéia com dois Gigantes. De um lado (em Olinda), um mestre das letras e da narrativa quadrinhística. De outro (em Campinas/SP) , um mestre do traço no bico-de-pena, das pinceladas aquareladas, dos desenhos enquadrados. No meio, um reles mortal com mania de vislumbrar sonhos. Um Ulisses, tentando achar o caminho de casa, perdido no oceano, maravilhado com Gigantes Olímpicos, monstros e sereias. Como cantou Gil, o genial ex-ministro da Cultura (um dos melhores que já tivemos) ”fazendo uma jangada de gigabytes, pra navegar nas ondas deste infomar, aproveitando a vazante da infomaré”.
εξασφαλιστεί ότι οι θεοί για εμάς.
(Que os Deuses velem por nós)
Bira: Oi, Wilde, estamos aqui.
Edu: O Wilde foi o melhor roteirista com quem trabalhei!
Wilde: Caramba!
Bira e Edu: Caramba dizemos nós!
Wilde: Mas com o Vetillo nos desenhos, era fogo. Adorava ver aqueles traços nervosos e com um movimento incrível. O Vetillo tinha um estilo bem pessoal.
Bira: Vixi, to vendo que essa conversa a três vai parar no site Bigorna.
Edu: E o relançamento do Chet, como foi isso, quem fez?
Wilde: Foi uma editora do Paraná.
Edu: Puxa, quantos anos de janela, que bom que os Quadrinhos estão voltando.
Wilde: Rapaz, que prazer enorme. Dia desses minha irmã, que foi casada com Ota, falou de você e comentamos seus desenhos...
Bira: Eita, diabo, danou-se!
Edu: A Su?
Wilde: Não, a Fátima. Mas falando do Chet, era aquele lance, quando eu pegava a revista que vinha com o traço do Vetillo, eu lia tudo com calma, degustando cada quadro e aí, eis que vejo o cara do lado do amigo Bira.
Edu: Eu achava muito bacanas roteiros com três acontecimentos simultâneos, que acabavam com um desfecho único.
Wilde: Pois é, dica de noveleiro. Uma trama e três paralelas. Sabe, gosto de escrever assim... Às vezes fico numa situação complicada, pois não gosto de escrever sinopse. E, gozado que o Vetillo seguia, direitinho, as tomadas de cena que eu descrevia. Era arretado!
Bira: É, estou aqui de bagrinho em aquário de tubarão. Só fera!
Wilde: Você também é fera, Bira! Jovem fera, desenha minha cara pra eu botar no Facebook e no Orkut!
Bira: Demorou. Faço amanhã!
Wilde: Eba!
Edu: Wilde, ainda quero desenhar mais HQs com roteiros teus.
Bira: Opa, senti de novo a parceria no ar!
Wilde: Amarra o endereço do Vetillo, pois to levando a sério a nova-velha parceria Wilde-Vetillo. Pra mim será uma das grandes honras. Além de bater aquele sentimento, né? Será uma história épica, clássica.
Edu: Bem no estilo Wilde.
Wilde: E também o Ota adora o Vetillo.
Bira: Falando em épico, o Vetillo acabou de entregar a Ilíada em quadrinhos pra editora Cortez. Tudo a ver com o momento de vocês! E quanto ao meu velho amigo Watson Portela?
Wilde: Tá na Bat-caverna. Nas Paralelas. Virou entidade, lenda!
Bira: Como assim, não sai mais de casa? Onde ele está morando? Ele está publicando HQ?
Wilde: Na casa de meus pais, no Recife, escondidão mesmo. Desenhou várias HQs. Estão lacradas na gaveta.
Bira: Puxa vida, gosto tanto dele, conheci Watson no Encontro de Quadrinhos em Araxá. Ele via minhas charges e queria por tudo que eu desenhasse Ficção. Eu dizia que nunca ia desenhar espaçonaves e roupas alienígenas como ele, com aquele detalhamento, luz e sombras, hachuras maravilhosas.
Wilde: Vetillo, você tem os Chets que desenhou?
Edu: Só o #1 com capa do Ofeliano.
Wilde: Eu tenho três, o #1, um especial e um que você desenhou uma história de caravana quando a turma comia até rato pra sobreviver.
Edu: Raridades! Toma conta direitinho e me manda cópias de tudo.
Bira: Rato ou preá? Hauhauhuahuahuauhauh!
Wilde: Ratazana do deserto mesmo, gabiruzão. A história chamou atenção. Parecia um filme por causa dos desenhos do Vetillo e do tema.
Bira: Wilde, minha família é do nordeste, do RN. O casamento do meu irmão mais velho, Libanio com Gilma Cyrne (parente do Moacyr), foi no sertão de São José do Seridó. Na festa eu comi um pedaço de preá torrado que só fazia crescer na minha boca. Preá, nunca mais!
Wilde: KKKKKKKKKK. Preá não como nem a pau, nem tatu-peba.
Bira: Nem Tatu-man, o meu personagem?
Wilde: Respeito o Tatu-man!
Todos: Hauhauhauauuauauhauha!
Wilde: Um dia comi gia (um tipo de rã) enganado e quando soube... UAHHHHHHH!
Thaís: Que nojento!
Wilde: Rsrsrsrsrs. Beleza, ela tem razão!
Edu: E o Ota ainda está com sua irmã mais velha?
Wilde: Tá mais não. E é irmã mais nova, pô! Botei a bichinha no colo! Faço parte do The Bengalas Boys Club. Tony Fernandes também.
Edu: O Ota é feio que só uma desgraça, ela é doida!
Wilde: Rapaz, doidaça! E continua doidaça. E falei com ele recentemente, um papo doido de dar em doido! E como sou doido, bateu não... Mas dá pedal.
Bira: Cara, eu vou colocar tudo isso no Bigorna, tem alguma coisa que quer que eu tire?
Wilde: Não! Pode colocar tudo no Bigorna!
Edu: Você lembra da gravata do Ota, mais cumprida que a do Didi? Ia até os pés...
Wilde: Rsrsrsrsrs. Vero! A gravata tronxa! Lembro sim, Ota era desajeitado paca! Pegava um ônibus cheio e antes de subir, comprava um sanduba de carne-de-porco e ia comendo em pé, o maior cheiro e a maior meleca!
Bira: Com o futunzão rolando solto! Esse é o Ota...
Wilde: Isso. Ele se pendurava com uma mão e com a outra comia o enorme sanduba e ia se melcando todo.
Edu: Mas o Ota tinha uma moral fdp no Rio.
Wilde: Ota tem moral em tudo que é canto. Ele é ferrado como editor, uma cabeça pensante.
Bira: Até em bordel, Ota tem moral!
Wilde: Lá ele perdeu. Foi roubado por três travecos e não passou mais por lá.
Bira: Que nem o Roaldo gordo? Virge santa, a fome era tanta!
Wilde: Bom, por aí...
Edu: Peter Bogdonovich está fazendo um documentário sobre John Ford.
Wilde: Ford? Meu ídolo, cara! Acabei de receber “The searchers - Rastros de ódio”, com o velho Duke, dirigido por Ford.
Edu: Uma obra-prima. Bendita seja a Irlanda.
Wilde: Bendita sim, se não fosse ela, já viu... Uma obra-prima mesmo. Já assisti cinco vezes e hoje vou assistir de novo. Atualmente estou tentando fazer uma HQ cm levada de filme.
Bira: Tem que ter Vetillo no meio.
Wilde: E vai, cara! Se ele topar, uma história sem legendas, saca? Só balões, falas. Quero fazer uma Graphic Novel, formato americano. Editora tem. Portanto, acho que a dupla Vetillo-Wilde dá pedal e vende (sem falsa modéstia)!
Edu: Sempre deu. Eu estou com muito trabalho no momento, mas com certeza, vamos voltar a trabalhar juntos. Qualquer idéia, me envie pelo correio.
Bira: O Vetillo e você, Wilde, estão na crista da onda. Massa total!
Wilde: Massa real. Papo bom é curto assim mesmo. Quando você falou que o Vetillo ia no teu estúdio, desisti de ir na casa do papa&mamma. Seria bom num boteco.
Edu: Que todos nossos projetos sejam “Ases”!
Bira: Abração Wilde. Prazer falar contigo. Mande um abraço especial pro Watson e pergunte se ele recebeu meu Birazine pelo correio.
Edu: Um abraço fordiano pra você!
Bira: Estamos que nem três pintos no lixo!
Wilde: Outro pra você. Abraços em você e no Vetillo. Valeu mesmo! Foi um prazer enorme que você me proporcionou, Bira, entrar em contato com o Vetillo novamente! Alegre que só! E tem um lance aqui de Frei Caneca em HQ, pra escola e pra crianças, você tá no meio, se te interessar.
Bira: Está topado. Depois de ter sido assistente de um Titã como o Vetillo, será uma honra ser parceiro de outro Titã como Wilde Portela, sinto-me no meio de um filme mitológico.
Ota (pelo facebook): Ei que história é essa que fui roubado por três travecos no bordel??? Até aconteceu um roubo do gênero, mas foi quando eu estava passando pela Av. Atlântica, um traveco pediu um cigarro e o outro aproveitou pra me afanar quando eu tava distraído dando o cigarro que o um pediu. Felizmente naquela época os caixas automáticos não fechavam cedo, aí passei num e saquei grana pra voltar pra casa. Fiquei muito puto, fui fazer uma cortesia e os travecos me afanaram.