Essa foi a decisão do STF (e não do governo, vejam bem, antes de sair falando que o Lula -que não tem diploma- acabou com o diploma de jornalista). Mesmo sem a obrigatoriedade do diploma, os jornalistas continuarão a ser necessários.
Para editar um jornal, o responsável vai ter que ter MTB, de todo o jeito.
Os cursos superiores vão continuar a formar profissionais que serão contratatados pelas empresas jornalísticas, seguindo tabela salarial e jornada de trabalho já definidos em dissídio coletivo.
A única coisa é que para ser um articulista, colunista, cobrir matérias especiais, ser designer, produtor gráfico, ilustrador, chargista, fotógrafo, diagramador, não vai mais ser obrigatório ter o diploma. Isto eu acho positivo.
Eu tenho MTB, conquistado graças a meu trabalho diário como chargista.O sindicato dos Jornalistas reconheceu isto em 1982, assim como a FENAJ.
Assim como reconheceu a importância de Henfil, Millôr, Cláudio Abramo, Paulo Francis, Fortuna, Jaguar, Ziraldo e tantos outros.Aliás, o que falar de alguém do tamanho de um Ziraldo?
Um editor brilhante, redator inspirado, ilustrador maravilhoso?Falar que um gigante destes teria que ter um diploma seria trágico.Sobretudo se comparado com o nível da maioria de jornalistas que saem com o diploma na mão.
O que as universidades de Jornalismo devem fazer é investir em Qualidade de Ensino, mostrar que o Jornalismo se aprende na prática e com leitura de livros.Técnica se aprende no dia-a-dia.
Ortografia não.
Tem de vir do ensino fundamental e médio.
Um jornalista tem de ser bem informado e bem formado.
Economia, Ilustração, Política, Cinema, Arquitetura, Esportes, Música, Agronomia, Quadrinhos, Religião, Pintura, História, Geografia, Educação, Medicina, Animação, Ética, estes são os assuntos que um jornalista tem dominar.
Ler pelo menos 4 jornais por dia e 4 revistas por semana.
Assistir a 3 programas de notícias na TV e surfar na Internet diariamente.
Saber, pelo menos mais 2 línguas estrangeiras.
Ter senso crítico, ir a fundo nos assuntos, não sair por aí repetindo o que o dono do órgão de imprensa quer.Refletir sobre o mundo e sobre o impacto que uma notícia errada pode ter na sociedade.Respeitar o leitor e respeitar o fato verdadeiro.
Não ter preconceito, mas sim, cultura.
E não usá-la para pisar em quer que seja, e sim para entender melhor o outro e o mundo.
Não usar a "fonte" como escudo para se eximir de culpa, nem se aproveitar das "benesses" que o poder e os poderosos oferecem.Hoje eu publico minhas charges em quase 10 jornais, e assino coluna em um jornal e um site de internet.
Se exigissem a matrícula de jornalista, eu teria para apresentar, mas acharia de uma grande pobreza de espírito.
O que importa é o conteúdo.
Um diploma não garante isso.
Para comprovar,leia o texto abaixo de meu amigo Norian Segatto:
DIPLOMA DE JORNALISTA E O CU DA CUT
O Supremo Tribunal Federal incluiu na pauta da sessão de quarta-feira, dia 10 de junho, o julgamento do Recurso Extraordinário RE 511961, que questiona a obrigatoriedade da formação universitária em Jornalismo para o exercício da profissão. Essa é uma discussão antiga na qual o corporativismo ofusca alguns aspectos que considero devam ser apontados para a reflexão.Sou formado em jornalismo há quase 20 anos e desde calouro ouço sobre a "importância" do diploma específico para atuar na área, dos "perigos" de se ter profissionais atuando sem o devido diploma e coisa e tal. No entanto, pouco se questiona que tipo de profissional tem sido formado por essas escolas.
Recentemente precisei selecionar estagiário de jornalismo para trabalhar em um sindicato cutista. De mais de 20 currículos, selecionei oito, levando em conta critérios como o número de erros de português apresentados nos ditos CVs. Dos entrevistados, todos quartanistas de escolas particulares de São Paulo, apenas um tinha uma vaga noção do que era CUT e nenhum soube me dizer o que significava a sigla. Caros leitores, uma pessoa que daqui a seis meses vai se considerar jornalista profissional não saber dizer o que significa três letrinhas que aparecem constantemente nos jornais é, no mínimo, muito preocupante. Leia no blog o diálogo travado com uma das candidatas