Esta série de entrevistas é uma iniciativa da AQC em apoio ao livro "Sick da Vida", coletânea de entrevistas do cartunista Henfil organizadas pelo quadrinhista, jornalista, escritor e biógrafo Gonçalo Silva Jr. O livro foi lançado na plataforma Catarse pela Editora Noir. Por isso, pedimos que você apoie, compartilhe e comente.
https://www.catarse.me/henfil
1. Como você conheceu o trabalho do Henfil?
Tudo o que conheço do Henfil foi através dos seus desenhos e das famosas Cartas pra Mãe. Mas a primeira vez que vi o trabalho do Henfil foi num sebo aqui em Jundiaí. Tinha uns três números do Fradim, já tinha visto uma ou outra tira no jornal (não me lembro qual) mas foi no sebo que eu me encantei com os desenhos rápidos e soltos, como se o nanquim escorregasse no papel. Isso era diferente de tudo que eu já tinha visto!! Eu já estava aparecendo como cartunista. Tinha ganho o Salão de humor de jundiaí. O ano era 91.
2. Qual foi o impacto inicial?
Vi no desenho do Henfil algo que era mágico, o argumento e a crítica eram mais importantes que o desenho. O desenho só situava o leitor no ambiente seco da caatinga.
3. O que chamou mais atenção o humor escrito, as gags visuais ou o traço?
O que me chamou mais a atenção foi o texto rápido e inteligente, era um soco no estômago, coçava a inteligência e fazia rir e refletir ao mesmo tempo.
4. Seu trabalho teve influência direta? Se teve, em que sentido?
O trabalho do Henfil afetou minhas tirinhas diretamente, até o formato quadrado eu copiei (risos). Eu já estava negociando com o Jornal de Jundiaí, o ano era 96 e eu comprava todo quadrinho do Henfil que encontrava garimpando no sebo de semana em semana. Enfim, criei as tiras Brasil 2000 que se passava no País do futuro mas com problemas atuais, o texto era rápido e ágil, eu pegava um tema e discorria sobre ele. Às vezes produzia tiras para a semana inteira, outras vezes passava o dia inteiro para fazer uma única tira e assim era.
5. Qual foi a impacto dos Quadrinhos e Charges do Henfil na Imprensa Sindical? E na esquerda?
Foi total.Eu colaborava para o sindicato dos bancários e volta e meia via uma charge do Henfil reproduzida nos boletins. O trabalho do Henfil na imprensa sindical não era de diversão, era de formação, ver um boletim sem os personagens do Henfil era chato...
6. Acompanhava as entrevistas do Henfil na Imprensa?
Tudo o que via sobre o Henfil era nos gibis do Fradim, o baixim e o cumprido era demais, mas gostava mesmo da Graúna e as críticas sociais que ela fazia ao sul-maravilha.
7. O que achou da iniciativa da Editora Noir em reunir estas entrevistas em um livro? Que efeito acha que este livro terá em você e nos demais leitores?
Acho ótimo, pois eu que conheci o henfil através da obra poderei conhecer mais a pessoa do grande Henrique de Souza Filho.
8. Henfil era um profissional multimídia, atuando na TV e no Cinema. O que achou das produções do cartunista em TV Home e Tanga, deu no New York Times?
Acho que a influência do Henfil marcou gerações, ele sabia usar os meios de informação. Isso era radical.
9. Pra você, qual é o tamanho da falta que Henfil faz?
Para mim faz muita falta, adoraria ver como ele trataria esse atual (des)governo em suas tiras, em seus textos e como ele iria lidar com a espécie de liberdade de expressão que temos nos dias atuais.
10. As novas gerações conhecem pouco do trabalho do Henfil. Apesar de uma exposição de originais no Centro Cultural Banco do Brasil (2005) no Rio e em SP ter tido público recorde na época, o trabalho dele ainda é pouco compartilhado nas redes. O que fazer pra melhorar isso? O livro organizado pelo Gonçalo Jr pode ajudar?
Pode muito, mas também a colaboração dos chargistas para levar o projeto adiante, penso eu.
11. O Brasil hoje está 'sick da vida' com tantos ataques à democracia, à inclusão social, racial e de gênero, à distribuição de renda? Ou a coisa precisa piorar mais pro povo reagir?
O povo está amortecido, temos uma grande parcela que pensa: "Está pior mas é melhor"! Espero que a nova geração, a cultura e os cartunistas vejam a esperança.
12. Como Henfil estaria reagindo à sanha fascista, totalitária e anti-democrática que abocanhou os três poderes?
Essa pergunta prefiro responder nas minhas tiras do Brasil 2000 que faço até hoje.
13. Henfil foi um dos fundadores do PT, que se propunha a transformar radicalmente a sociedade. Esta décima terceira pergunta é o espaço pra suas considerações, não finais, mas futuristas. É possível ainda transformar o país de forma radical? O humor entra nisso?
O humor entra muito nisso. Não falo do humor pastelão (aquele de costumes), mas sim o humor que traz a reflexão. Temos ótimos chargistas, temos assunto, ainda nos falta mais alcance, pois as redes sociais ao mesmo tempo que são um bem e um ótimo veículo de comunicação, têm servido para embates sem compromisso, os jornais impressos fazem falta pois levam o conteúdo todo às casas onde o leitor pode formar sua opinião com calma.
Mas usemos as armas que temos. É o que temos. Não vamos abandonar a trincheira ao canto da sereia, há muito a ser feito.
VAMOS À LUTA!
CONTATO COM TRILHO
trilhocid55@gmail.com
https://www.facebook.com/TrilhoCesar
Chargista no Sindicato dos Servidores Públicos, Sindicato dos Metalurgicos, Sindgraf e Sindicato dos Bancários (todos em Jundiaí). Prêmios: 1º lugar salão de humor de Jundiaí por 5 vezes. 1º lugar salão de humor de hortolândia. 1° lugar são de humor de cerquilho. 2º lugar salão de humor de campo limpo paulista. trabalhou por dez anos para o jornal de jundiai regional com charges e tiras diarias,também publica diversos trabalhos para entidades e sindicatos. Menção honrosa no 14 th Humor festival "AT CARAGIALE`S HOME/ ROMÊNIA.2016 Selecionado para o mapa cultural Paulista por 5 vezes. Nascido em Jundiaí. Lançou três revistas em quadrinhos: Brasil 2000 vol.1 e 2 Cartilha da Natália vol. 1.
http://www.bloggdotrilho.blogspot.com.br/
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